11 de Setembro a 11 de Outubro, 2014: Exposição - GOLDEN VISA, FILIPA CÉSAR

Mined Soil, 2012-14 © Filipa César
Cristina Guerra Contemporary Art
Rua Santo António à Estrela, 33Lisboa

Terça a Sexta > 12h00 às 20h00
Sábado > 15h00 às 20h00
Encerrado ao Domingo e Segunda

"GOLDEN VISA 
or the "disposing of the discredited*" 

“Golden Visa” é o nome dado a um convite do governo Português dirigido a não-europeus ricos para facilitar a obtenção de autorização de residência, assim como um conjunto de privilégios fiscais, sempre que um requerente planeie investir mais de meio milhão de Euros no país. Simultaneamente, o governo convidou oficialmente os cidadãos Portugueses mais pobres e desempregados a emigrar. Dois convites, uma entrada.
Com GOLDEN VISA or the disposing of the discredited a peça como entrada da exposição na Cristina Guerra Contemporary Art, César chama a atenção para o facto de o visa funcionar como um íman, um trânsito, uma passagem, uma autorização e um privilégio que implica necessariamente um inverso, a política de migração dentro das fronteiras de uma Europa fechada num contexto de crise económica. Aqui, golden (dourado) é também referente aos aspectos materiais e imateriais do sujeito principal das peças apresentadas na exposição – o solo.
"Assim, a eliminação dos desacreditados pode ser vista como um projecto Europeu com várias frentes, rica em parcerias público/privadas: envolve deixar afogar os imigrantes Africanos no mar Mediterrâneo, criar condições de vida insuportáveis para populações consideradas indesejáveis, como os Roma, empurrar para o suicídio um número crescente de empregados não suficientemente flexíveis, apagar dos registos oficiais todos os vestígios de uma grande parte dos desempregados, e, em países como a Grécia, Portugal e Irlanda, encorajar mais e mais jovens a emigrar."
*Michael Feher, 2014
Golden Visa abrange dois corpos de trabalho inter-relacionados, variando entre colagens, material de pesquisa, práticas de cinema, objectos e uma palestra de abertura.
O filme-ensaio Mined Soil conduz-nos através de uma revisitação do trabalho do agrónomo Guineense Amílcar Cabral, do estudo sobre a erosão do solo na região do Alentejo, em Portugal, no fim da década de 40, até ao seu envolvimento como um dos líderes do Movimento de Libertação Africano. Esta linha de pensamento é entrelaçada com documentação actual sobre uma operação experimental de mineração de ouro conduzida por uma empresa Canadiana, situada na mesma região de Portugal que foi estudada por Amílcar Cabral. Este ensaio explora passadas e presentes definições de solo como um repositório de memória, vestígio, exploração, crise, arsenal, tesouro e palimpsesto. Na exposição, o filme-ensaio é apresentado numa instalação espacial cuja estrutura formal é uma plataforma física que cita o mapeamento de uma das várias áreas licenciadas para a exploração de ouro em Portugal. A instalação continua com minas simuladas, produzidas à mão, modeladas à imagem das que já foram encontradas em campos minados.
Os trabalhos em papel Operations são extraídos de material de pesquisa, como desenhos técnicos do exército Português sobre a composição de minas terrestres — e o seu mapeamento estratégico no campo de batalha — colocadas pela guerrilha Guineense durante os 11 anos da guerra de libertação, assim como fotografias tiradas na Guiné-Bissau durante a pesquisa de César, e também arquivos militares. As colagens são referentes a estruturas vivas cristalinas e a operações geométricas, reflectindo uma abordagem multifacetada de temas e narrativas “fixas”.
De Golden Visa, a peça na parede de entrada, passando pela instalação e filme Mined Soil, e a série de trabalhos em papel Operations, César utiliza vários conceitos de solo para revelar a possibilidade de desafiar narrativas históricas, o solo como metáfora operacional que nos mostra como os recursos naturais estão integrados num conjunto complexo de condições geopolíticas que informam a vida contemporânea.
Através da combinação de material de arquivo reactivado e material recentemente filmado, César continua o seu trabalho meticuloso, uma aliança inquieta entre subjectividades, relatos, documentário e cinema ensaio."


Transportes
Metro: Rato
Autocarros: 709, 713, 720, 727, 738, 773, 774
Eléctricos: 25, 28

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