No seu oitavo ano de vida, o ciclo de concertos Noites de Verão apresentar-se-á em Julho no Jardim dos Coruchéus, em Alvalade, pela primeira vez, e o habitual Jardim das Esculturas do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado em Agosto, mantendo-se o horário das Sextas-feiras, pelas 19h30, e com entrada livre.
Este programa de música ao vivo programado pela Filho Único é co-produzido com a EGEAC Cultura em Lisboa, as Galerias Municipais de Lisboa e o MUSEU NACIONAL DE ARTE CONTEMPORÂNEA - MUSEU DO CHIADO.
Jardim dos Coruchéus
7 Julho, 18h30 - Ogoya Nengo & The Dodo Women's Group (KE) + Bruno Silva DJ set
14 Julho, 18h30 - Volúpia das Cinzas (PT) + Varela DJ set
21 Julho, 18h30 - Hieroglyphic Being (US) + Novo Major DJ set
28 Julho, 18h30 - Vaiapraia e as Rainhas do Baile (PT) + Pega Monstro DJ set
Jardim das Esculturas do Museu Nacional de Arte Contemporânea do Chiado
4 Agosto, 19h30 - Ricardo Rocha (PT)
11 Agosto, 19h30 - Gigi Masin (IT)
18 Agosto, 19h30 - Calhau! (PT)
25 Agosto, 19h30 - Primeira Dama (PT)
Entrada Livre
Ogoya Nengo & The Dodo Women's Group + Bruno Silva DJ set
Ogoya Nengo, nascida Anastasia Oluoch em 1943 na pequena aldeia de Magoya, perto das margens do Lago Victoria do lado do Quénia, descende de uma família de mulheres oradoras e cantoras Dodo, uma prática e função tradicional de mensageiras e comentadoras na sua comunidade, que tomou para si ainda jovem. Recebeu o nome ‘Ogoya Nengo’ por volta dos 13 anos, que significa algo como ‘A Valorosa’. Ogoya tornou-se um fenómeno de popularidade há altura, digressionando na região com a sua música, cantando para chefes tribais, guerreiros e oficiais coloniais que ficavam fascinados com o seu talento. A sua abordagem ao Dodo, um género que está em perigo de desaparecer, é uma de cariz muito pessoal: a sua música de envolvência mística e porosa suspensão do tempo, é centrada na sua voz poderosa. Ela é uma artista folk em continuidade activa há mais de três décadas, mas cujo trabalho tem sido confinado à sua região, algo que mudou com a edição internacional do álbum "Rang’ala - New Recordings From Siaya County, Kenya" em 2014 pela Honest Jon’s. Fazendo uso apenas da voz e elementos de percussão, é ainda um outro documento da canção como língua universal. O sucessor “On Mande” foi publicado no ano passado pela recém-criada TAL Recordings sediada em Düsseldorf.
Volúpia das Cinzas + Varela DJ set
Formação orquestrada por Gabriel Ferrandini, que ganhou vida numa residência artística promovida pela Galeria Zé dos Bois ao longo de 2016, fruto da intenção do baterista – já reputadíssimo nos círculos internacionais do jazz e da música improvisada não idiomática – em construir trabalho no campo da composição. Dedicou-se a escrever “temas originais numa onda descrita pelo próprio como “classic jazz meets free improv”” como o texto da ZDB revelava no primeiro anúncio, “acompanhado por dois cúmplices de longa data: o contrabaixista Hernani Faustino e o saxofonista Pedro Sousa.” Continuando citando, pela justeza das palavras “O primeiro, seu parceiro no RED Trio e uma das pontes primordiais para o diálogo geracional que desde sempre tem sido criado com a maior das naturalidades, e o segundo como uma espécie de alma gémea do baterista, num crescimento paralelo que toma aqui uma nova forma de estar igualmente sincera.”
Sessão para o Ginga Beat - https://www.redbullradio.com/shows/ginga-beat/episodes/vol-422-volupia-das-cinzas
Entrevista Ípsilon - https://www.publico.pt/2016/01/20/culturaipsilon/noticia/gabriel-ferrandini-em-busca-da-sua-verdade-1720004
Hieroglyphic Being
Hieroglyphic Being é porventura o mais inimitável e resiliente produtor de música electrónica e de dança dos nossos dias, com um percurso independente e, até certa altura, marginal, pela atitude ética e gesto estético com que sempre impregnou o que criava e como o mostrava. Cresceu na cultura House da sua nativa Chicago, integrando ideias e formas de outros campos como o jazz, industrial ou ambient, e polinizando sem pruridos misticismo New Age, literatura esotérica ou ficção científica para cartografar o seu mundo conceptual múltiplo e em constante movimento. No ano passado celebrou 20 anos da sua editora Mathematics e, entre a proficuidade de edições e pseudónimos por outros tantos selos discográficos, destaca-se em tempos recentes o álbum ponto de rebuçado “The Disco’s of Imhotep” na Technicoulour. Um espírito inquisitivo no terreno movediço da nebulosa “dance culture”, entre ortodoxias reaccionárias, políticas identitárias progressistas, mecenato de marcas homogeneizante e volta e meia aquele PA sofrível que é preciso superar.
Vaiapraia e as Rainhas do Baile + Pega Monstro DJ set
“Na opinião do jornalista e crítico musical Rui Eduardo Paes, “1755” foi o melhor álbum de rock editado no nosso país em 2016, apesar de não ter surgido na maior parte das listas do ano, fosse porque o seu lançamento ocorreu já no final do mesmo ou porque Rodrigo Vaiapraia lançou o apelo de que não se façam “rankings” de música. Uma coisa é certa: a quantidade de textos saídos na Imprensa sobre o disco já no início de 2017 ou o facto da Galeria Zé dos Bois ter esgotado na sua festa de lançamento provou que tal não aconteceu por alheamento. O primeiro longa-duração dos Vaiapraia e as Rainhas do Baile é também o primeiro trabalho que em Portugal representa a tendência musical a que se dá o nome de queercore. Nos temas deste terramoto feito de agitações pessoais muito profundas e intensas, as de um queer com orgulho de o ser, convivem uma adopção nada inocente da pop bubblegum e uma abordagem punk que tem tudo de militante e interventiva, resultando numa música que tanto nos anima como nos põe a pensar e a querer agir. As suas aparições ao vivo são ocasiões especiais e quase raras, apesar do trio já ter partilhado o palco com bandas internacionais como Trash Kit, Peach Kelli Pop ou Feels.” Maternidade
Bandcamp - https://vaiapraia.bandcamp.com
Ricardo Rocha
Nasceu em 1974, sendo neto do guitarrista Fontes Rocha, um nome incontornável do repertório da guitarra portuguesa tão enraizado na música popular no nosso país. Começou a tocar guitarra aos 8, e nos seus verdes anos a curiosidade levou-o ao piano, instrumento e repertório associado que considera ter-lo permitido compor para a guitarra portuguesa. Agraciado já por duas vezes com o Prémio Carlos Paredes, assim como recipiente do Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para Jovens Compositores e Troféu Amália Rodrigues para Melhor Guitarra Portuguesa, diz sempre ter distinguido e vivido “com muita disciplina os dois mundos: a guitarra e o mundo do fado, e depois poderia criar-se outro mundo paralelo ao do fado”. Ou como a editora Mbari propunha em 2010 pelo lançamendo do seu segundo álbum “Luminismo”, apelando a entendê-lo para além da técnica fenomenal evidenciada, Ricardo Rocha “assemelha-se mais a um cirugião, extraíndo o tumor ‘Fado’ de um instrumento que raramente conheceu vida própria, para além da inscrita nessa tradição de Lisboa”. Afiançou um provável ‘adeus aos palcos’ em nome próprio a 29 de Março de 2011, num monumental concerto no Teatro Maria Matos em que apresentou a integral – até essa data – das suas composições para guitarra portuguesa. Em 2014 lançou um novo disco, ''Resplandecente'', com um quarteto de guitarras interpretado pelo próprio em lúcida heteronímia, revelando que “subverter um cânone socorrendo-me de outro – o do quarteto – provou-se simplesmente irresistível.” Neste regresso aos concertos apresentará um conjunto de Prelúdios para guitarra portuguesa, inéditos em disco, intuindo-se novo abalo sísmico na literatura do instrumento por este raro, desafiante e precioso compositor-intérprete.
“Irradiante” (do álbum “Resplandescente”, Mbari, 2014) - https://soundcloud.com/mbari-m-sica/ricardo-rocha-irradiante
“Luminismo” (Mbari, 2010) - https://ricardorocha.bandcamp.com/releases
Gigi Masin
Nascido em Veneza em 1955, Gigi Masin tem estado em actividade como músico desde o início da década de 70. Marcou uma geração italiana de DJs nas estações de rádio FM, essencialmente pelo seu trabalho pioneiro de ‘turntablism’ ao actuar com pratos de vinis, mesa de mistura, electrónica ao vivo e loops de fita em espectáculos de artes do palco e para a rádio nacional. O seu primeiro álbum a solo “Wind” chegou só em 1986, tornando-se ao longo dos anos um clássico de culto, pois a singular música baleárica ambiental nele fixada, algures entre Harold Budd e Arthur Russel, não chegou a um público alargado devido a distribuição comercial deficitária e uma cheia que destruiu a maioria da tiragem em armazém. Três anos depois edita na Sub Rosa “Les Nouvelles Musiques Du Chambre” em duo com Charles Hayward dos This Heat e no virar da década edita “Wind Collector”, novamente a solo, e segue-se uma pausa nos discos por um período de 20 anos. Ao longo do tempo vários artistas de diferentes quadrantes foram-no samplando, dos To Rococo Rot (‘Die Dinge Des Lebens’) a Bjork (‘It’s In Our Hands’) aos Main Attrakionz (‘Church’). A holandesa Music From Memory resgatou-o em 2014 para uma compilação em vinil duplo, ‘Talk To The Sea”, ilustrando a sua obra por cerca de 30 anos. Há dois anos, na mesma editora, surgiu “Clouds” dos Gaussian Curve, um trio de Gigi Masin com Jonny Nash (Land of Light) e Marco Sterk (mais conhecido como DJ Young Marco).
“Talk To The Sea” (Compilação, Music From Memory, 2014) - https://music-from-memory.bandcamp.com/album/talk-to-the-sea
Calhau!
Von Calhau! nasceu no Porto em 2006 e “designa todo o trabalho produzido em bicomunhão prática por João Artur e Marta Ângela”. Desde a sua incepção tem desenvolvido um admirável contínuo transdisciplinar em artes visuais, filme e música. A sua produção de desenhos e obra (seri)gráfica, explorações em poesia visual, engenho de instrumentos musicais, idealização de figurinos e caracterização cenográfica, e apresentação pública de projecções de filmes, concertos, performances e lectures, evocando referências que vão desde Lygia Clark a Raymond Roussel bem como evidenciando um fascínio pelo “elitismo, às vezes esotérico, de certas manifestações da cultura popular (rural)” como qualificava João César Monteiro, em entrevista por alturas de ‘Veredas’, interpelam-nos a considerar as fabulosas dimensões fasciculadas que compõem a sua cosmologia calhauística. Realizações recentes em Lisboa incluem o espectáculo Tau Tau que esteve em cena por duas noites no Teatro da Politécnica, no âmbito da BoCA, e a exposição ‘Valun Chão’ na Galeria Pedro Alfacinha, consecutiva a ‘Rotornariz’ no mesmo espaço.
Site - http://www.einsteinvoncalhau.com
Primeira Dama
Manel Lourenço é desde o início de 2015 Primeira Dama e, a partir do aparecimento do colectivo e editora Xita, este rapaz lisboeta tem vindo a trabalhar com os seus amigos formas de transformar a natural afiliação em matéria relevante para o cancioneiro nacional. A história começou muito antes quando este se vê rodeado de músicos em toda a sua família, tanto paternal como maternal. Estudou música durante quase 10 anos da sua vida e encontrou instrumentos de criação e expressão musical, como o saxofone, obviamente o piano e os teclados, sem esquecer a sua desenvolta tessitura vocal que faz com que tenha aprendido a lidar com a melodia e a harmonia sem grande esforço. Lançou o debute “Histórias por Contar” no ano passado, gravado com a orientação de Filipe Sambado, uma coleção de cantigas pop atlânticas, uma foz de cafeína num mar de codeína, onde episódios do quotidiano, rasurados, abstractos, buscavam pelo universal a partir da sua experiência individual e geracional. Este Verão chega-nos o ambicioso novo disco, homónimo, gravado em Aveiro, com a ajuda preciosa de João Sarnadas (Coelho Radioactivo).
“Primeira Dama” (2017, Xita Records) - https://xitarecords.bandcamp.com/album/primeira-dama
Com o apoio da EGEAC e MNAC".
Ogoya Nengo, nascida Anastasia Oluoch em 1943 na pequena aldeia de Magoya, perto das margens do Lago Victoria do lado do Quénia, descende de uma família de mulheres oradoras e cantoras Dodo, uma prática e função tradicional de mensageiras e comentadoras na sua comunidade, que tomou para si ainda jovem. Recebeu o nome ‘Ogoya Nengo’ por volta dos 13 anos, que significa algo como ‘A Valorosa’. Ogoya tornou-se um fenómeno de popularidade há altura, digressionando na região com a sua música, cantando para chefes tribais, guerreiros e oficiais coloniais que ficavam fascinados com o seu talento. A sua abordagem ao Dodo, um género que está em perigo de desaparecer, é uma de cariz muito pessoal: a sua música de envolvência mística e porosa suspensão do tempo, é centrada na sua voz poderosa. Ela é uma artista folk em continuidade activa há mais de três décadas, mas cujo trabalho tem sido confinado à sua região, algo que mudou com a edição internacional do álbum "Rang’ala - New Recordings From Siaya County, Kenya" em 2014 pela Honest Jon’s. Fazendo uso apenas da voz e elementos de percussão, é ainda um outro documento da canção como língua universal. O sucessor “On Mande” foi publicado no ano passado pela recém-criada TAL Recordings sediada em Düsseldorf.
Volúpia das Cinzas + Varela DJ set
Formação orquestrada por Gabriel Ferrandini, que ganhou vida numa residência artística promovida pela Galeria Zé dos Bois ao longo de 2016, fruto da intenção do baterista – já reputadíssimo nos círculos internacionais do jazz e da música improvisada não idiomática – em construir trabalho no campo da composição. Dedicou-se a escrever “temas originais numa onda descrita pelo próprio como “classic jazz meets free improv”” como o texto da ZDB revelava no primeiro anúncio, “acompanhado por dois cúmplices de longa data: o contrabaixista Hernani Faustino e o saxofonista Pedro Sousa.” Continuando citando, pela justeza das palavras “O primeiro, seu parceiro no RED Trio e uma das pontes primordiais para o diálogo geracional que desde sempre tem sido criado com a maior das naturalidades, e o segundo como uma espécie de alma gémea do baterista, num crescimento paralelo que toma aqui uma nova forma de estar igualmente sincera.”
Sessão para o Ginga Beat - https://www.redbullradio.com/shows/ginga-beat/episodes/vol-422-volupia-das-cinzas
Entrevista Ípsilon - https://www.publico.pt/2016/01/20/culturaipsilon/noticia/gabriel-ferrandini-em-busca-da-sua-verdade-1720004
Hieroglyphic Being
Hieroglyphic Being é porventura o mais inimitável e resiliente produtor de música electrónica e de dança dos nossos dias, com um percurso independente e, até certa altura, marginal, pela atitude ética e gesto estético com que sempre impregnou o que criava e como o mostrava. Cresceu na cultura House da sua nativa Chicago, integrando ideias e formas de outros campos como o jazz, industrial ou ambient, e polinizando sem pruridos misticismo New Age, literatura esotérica ou ficção científica para cartografar o seu mundo conceptual múltiplo e em constante movimento. No ano passado celebrou 20 anos da sua editora Mathematics e, entre a proficuidade de edições e pseudónimos por outros tantos selos discográficos, destaca-se em tempos recentes o álbum ponto de rebuçado “The Disco’s of Imhotep” na Technicoulour. Um espírito inquisitivo no terreno movediço da nebulosa “dance culture”, entre ortodoxias reaccionárias, políticas identitárias progressistas, mecenato de marcas homogeneizante e volta e meia aquele PA sofrível que é preciso superar.
Vaiapraia e as Rainhas do Baile + Pega Monstro DJ set
“Na opinião do jornalista e crítico musical Rui Eduardo Paes, “1755” foi o melhor álbum de rock editado no nosso país em 2016, apesar de não ter surgido na maior parte das listas do ano, fosse porque o seu lançamento ocorreu já no final do mesmo ou porque Rodrigo Vaiapraia lançou o apelo de que não se façam “rankings” de música. Uma coisa é certa: a quantidade de textos saídos na Imprensa sobre o disco já no início de 2017 ou o facto da Galeria Zé dos Bois ter esgotado na sua festa de lançamento provou que tal não aconteceu por alheamento. O primeiro longa-duração dos Vaiapraia e as Rainhas do Baile é também o primeiro trabalho que em Portugal representa a tendência musical a que se dá o nome de queercore. Nos temas deste terramoto feito de agitações pessoais muito profundas e intensas, as de um queer com orgulho de o ser, convivem uma adopção nada inocente da pop bubblegum e uma abordagem punk que tem tudo de militante e interventiva, resultando numa música que tanto nos anima como nos põe a pensar e a querer agir. As suas aparições ao vivo são ocasiões especiais e quase raras, apesar do trio já ter partilhado o palco com bandas internacionais como Trash Kit, Peach Kelli Pop ou Feels.” Maternidade
Bandcamp - https://vaiapraia.bandcamp.com
Ricardo Rocha
Nasceu em 1974, sendo neto do guitarrista Fontes Rocha, um nome incontornável do repertório da guitarra portuguesa tão enraizado na música popular no nosso país. Começou a tocar guitarra aos 8, e nos seus verdes anos a curiosidade levou-o ao piano, instrumento e repertório associado que considera ter-lo permitido compor para a guitarra portuguesa. Agraciado já por duas vezes com o Prémio Carlos Paredes, assim como recipiente do Prémio Revelação Ribeiro da Fonte para Jovens Compositores e Troféu Amália Rodrigues para Melhor Guitarra Portuguesa, diz sempre ter distinguido e vivido “com muita disciplina os dois mundos: a guitarra e o mundo do fado, e depois poderia criar-se outro mundo paralelo ao do fado”. Ou como a editora Mbari propunha em 2010 pelo lançamendo do seu segundo álbum “Luminismo”, apelando a entendê-lo para além da técnica fenomenal evidenciada, Ricardo Rocha “assemelha-se mais a um cirugião, extraíndo o tumor ‘Fado’ de um instrumento que raramente conheceu vida própria, para além da inscrita nessa tradição de Lisboa”. Afiançou um provável ‘adeus aos palcos’ em nome próprio a 29 de Março de 2011, num monumental concerto no Teatro Maria Matos em que apresentou a integral – até essa data – das suas composições para guitarra portuguesa. Em 2014 lançou um novo disco, ''Resplandecente'', com um quarteto de guitarras interpretado pelo próprio em lúcida heteronímia, revelando que “subverter um cânone socorrendo-me de outro – o do quarteto – provou-se simplesmente irresistível.” Neste regresso aos concertos apresentará um conjunto de Prelúdios para guitarra portuguesa, inéditos em disco, intuindo-se novo abalo sísmico na literatura do instrumento por este raro, desafiante e precioso compositor-intérprete.
“Irradiante” (do álbum “Resplandescente”, Mbari, 2014) - https://soundcloud.com/mbari-m-sica/ricardo-rocha-irradiante
“Luminismo” (Mbari, 2010) - https://ricardorocha.bandcamp.com/releases
Gigi Masin
Nascido em Veneza em 1955, Gigi Masin tem estado em actividade como músico desde o início da década de 70. Marcou uma geração italiana de DJs nas estações de rádio FM, essencialmente pelo seu trabalho pioneiro de ‘turntablism’ ao actuar com pratos de vinis, mesa de mistura, electrónica ao vivo e loops de fita em espectáculos de artes do palco e para a rádio nacional. O seu primeiro álbum a solo “Wind” chegou só em 1986, tornando-se ao longo dos anos um clássico de culto, pois a singular música baleárica ambiental nele fixada, algures entre Harold Budd e Arthur Russel, não chegou a um público alargado devido a distribuição comercial deficitária e uma cheia que destruiu a maioria da tiragem em armazém. Três anos depois edita na Sub Rosa “Les Nouvelles Musiques Du Chambre” em duo com Charles Hayward dos This Heat e no virar da década edita “Wind Collector”, novamente a solo, e segue-se uma pausa nos discos por um período de 20 anos. Ao longo do tempo vários artistas de diferentes quadrantes foram-no samplando, dos To Rococo Rot (‘Die Dinge Des Lebens’) a Bjork (‘It’s In Our Hands’) aos Main Attrakionz (‘Church’). A holandesa Music From Memory resgatou-o em 2014 para uma compilação em vinil duplo, ‘Talk To The Sea”, ilustrando a sua obra por cerca de 30 anos. Há dois anos, na mesma editora, surgiu “Clouds” dos Gaussian Curve, um trio de Gigi Masin com Jonny Nash (Land of Light) e Marco Sterk (mais conhecido como DJ Young Marco).
“Talk To The Sea” (Compilação, Music From Memory, 2014) - https://music-from-memory.bandcamp.com/album/talk-to-the-sea
Calhau!
Von Calhau! nasceu no Porto em 2006 e “designa todo o trabalho produzido em bicomunhão prática por João Artur e Marta Ângela”. Desde a sua incepção tem desenvolvido um admirável contínuo transdisciplinar em artes visuais, filme e música. A sua produção de desenhos e obra (seri)gráfica, explorações em poesia visual, engenho de instrumentos musicais, idealização de figurinos e caracterização cenográfica, e apresentação pública de projecções de filmes, concertos, performances e lectures, evocando referências que vão desde Lygia Clark a Raymond Roussel bem como evidenciando um fascínio pelo “elitismo, às vezes esotérico, de certas manifestações da cultura popular (rural)” como qualificava João César Monteiro, em entrevista por alturas de ‘Veredas’, interpelam-nos a considerar as fabulosas dimensões fasciculadas que compõem a sua cosmologia calhauística. Realizações recentes em Lisboa incluem o espectáculo Tau Tau que esteve em cena por duas noites no Teatro da Politécnica, no âmbito da BoCA, e a exposição ‘Valun Chão’ na Galeria Pedro Alfacinha, consecutiva a ‘Rotornariz’ no mesmo espaço.
Site - http://www.einsteinvoncalhau.com
Primeira Dama
Manel Lourenço é desde o início de 2015 Primeira Dama e, a partir do aparecimento do colectivo e editora Xita, este rapaz lisboeta tem vindo a trabalhar com os seus amigos formas de transformar a natural afiliação em matéria relevante para o cancioneiro nacional. A história começou muito antes quando este se vê rodeado de músicos em toda a sua família, tanto paternal como maternal. Estudou música durante quase 10 anos da sua vida e encontrou instrumentos de criação e expressão musical, como o saxofone, obviamente o piano e os teclados, sem esquecer a sua desenvolta tessitura vocal que faz com que tenha aprendido a lidar com a melodia e a harmonia sem grande esforço. Lançou o debute “Histórias por Contar” no ano passado, gravado com a orientação de Filipe Sambado, uma coleção de cantigas pop atlânticas, uma foz de cafeína num mar de codeína, onde episódios do quotidiano, rasurados, abstractos, buscavam pelo universal a partir da sua experiência individual e geracional. Este Verão chega-nos o ambicioso novo disco, homónimo, gravado em Aveiro, com a ajuda preciosa de João Sarnadas (Coelho Radioactivo).
“Primeira Dama” (2017, Xita Records) - https://xitarecords.bandcamp.com/album/primeira-dama
Com o apoio da EGEAC e MNAC".
Transportes - Jardim dos Coruchéus
Metro: Alvalade
Autocarros: 717, 731, 735, 744, 750, 755, 767, 783
Comboio: Roma
Transportes - Museu do Chiado
Metro: Baixa-Chiado, Restauradores, Rossio, Cais-do-Sodré
Comboio: Rossio, Cais-do-Sodré, Santa Apolónia
Barcos: Terreiro do Paço, Cais-do-Sodré
Autocarros: 709, 711, 714, 732, 735, 736, 758, 759, 760, 781, 782
Eléctrico: 12, 15, 18, 28
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