8 de fevereiro a 31 de Março, 2013: ALLAN SEKULA - The Dockers’ Museum

Allan Sekula, Working (Santos), 2010, C-Print, 101,6 x 149,9 cm © Allan Sekula

ALLAN SEKULA - The Dockers’ Museum
Rua Tomás del Negro, 8A, Lisboa
Quarta a Domingo, 15h00 às 19h00

Conversa com Jürgen Bock, 08.02, 19h00
Projeção do filme ‘The Forgotten Space’ (Allan Sekula, Noël Burch), diariamente, 15h00 e 17h00
Visita guiada por Bruno Leitão, 28.02, 18h00
Projeção de filmes de Allan Sekula, 13.03, 19h00
Conferência por Allan Sekula, 28.03, 19h00

A conversa e a conferência são em inglês, entrada gratuita para todos os eventos.

"Allan Sekula (EUA) vive e trabalha em Los Angeles como ativista, artista plástico, escritor e crítico. A sua obra abrange, desde o início da década de 1970, a história e teoria da fotografia, bem como vários projetos centrados em temáticas geopolíticas e da economia. De entre os seus livros destacam-se ‘Photography against the Grain: Essays and Photo Works 1973-1983’, ‘Fish Story’, ‘Geography Lesson: Canadian Notes’, ‘Dismal Science: Photo Works 1972-1996’, ‘Allan Sekula: Dead Letter Office’, ‘Deep Six/Passer au bleu’ e ‘TITANIC's wake’ (versão portuguesa publicada pela Maumaus). É ainda coautor de ‘Five Days That Shook the World: Seattle and Beyond’. Participou em inúmeras exposições individuais e coletivas, incluindo a 50ª Bienal de Veneza, Documenta X, XI e XII em Kassel e a 29ª Bienal de S. Paulo. Leciona no California Institute of the Arts (Cal Arts) em Valencia (EUA).
A exposição The Dockers’ Museum acontece no âmbito de uma parceria entre o espaço de exposições Lumiar Cité e o La Criée centre d’art contemporain (Rennes, França), onde foi apresentada entre Abril e Maio de 2012, e em colaboração com o M HKA (Antuérpia, Bélgica) e o Stills - Scotland's Centre for Photography (Edimburgo, Reino Unido).
A Maumaus/Lumiar Cité é uma estrutura financiada pelo Secretário de Estado da Cultura/Direção-Geral das Artes.


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Allan Sekula é um reconhecido fotógrafo, teórico, historiador de fotografia e escritor. Usando fotografias a cores em conjunto com texto, o seu trabalho incide sobre os sistemas econômicos, um assunto que é muitas vezes considerado incompatível com o campo da arte. Os críticos culturais frequentemente consideram a economia como uma questão problemática e de pouco interesse para a prática da arte, embora muitas obras de arte estejam sob a influência inequívoca das forças do mercado.
Para Allan Sekula é irrelevante que a fotografia tenha sido finalmente reconhecida como um outro qualquer meio artístico, ao lado da pintura ou da escultura. Sekula considera que a modéstia do meio e a possibilidade que oferece para obter conhecimento através de uma observação precisa é uma característica sua sobejamente interessante. Contando com a sua capacidade para descrever aspetos dos sistemas económicos no âmbito das artes visuais, através do que é vulgarmente chamado de prática ‘documental’, Sekula procura oferecer uma alternativa clara ao tipo de fotografia que habitualmente é mostrado dentro do sistema contemporâneo de museus e galerias. De acordo com o artista, na sua essência, o sistema referido prepara o trabalho para um «futuro antiquário», que condena a arte a conformar-se como relíquia museológica.
Nos últimos anos, Sekula trabalhou em longos projetos documentais inspirados em acontecimentos políticos contemporâneos, dando origem a sequências e a séries maiores que muitas vezes culminam na publicação de um livro. Nessas publicações, as fotografias são contextualizadas por textos do artista - que estão sempre presentes nas suas exposições - enfatizando o fato de a sua prática também englobar a escrita, juntamente com a produção de trabalho visual. Sekula calibra cada exposição através de uma seleção cuidada das obras para o contexto de um determinado lugar, assim ‘reescrevendo’ uma narrativa própria através de uma reorganização do seu trabalho. Quando desenvolve as suas exposições de local em local, elas de facto conectam cidades e portos, evocando a produção e o fluxo de bens através de uma complexa rede de relações entre cidades portuárias – o objeto da prática de Sekula.
O espaço Lumiar Cité inaugura a exposição The Dockers’ Museum, da qual fazem parte fotografias da série ‘Ship of Fools’ e o filme ‘The Forgotten Space’ (Allan Sekula, Noël Burch). A configuração da exposição é definida, a partir de uma ênfase em caricaturas e objetos relacionados com o mundo dos trabalhadores portuários e marítimos, o que se reflete no próprio título da exposição. Os ‘objetos de interesse’ colecionados pelo artista e as caricaturas por ele apropriadas, não devem ser entendidos como obras de arte, mas eles contextualizam a fotografia e o filme de Sekula, enquanto estes, por sua vez, contextualizam a atividade em curso do artista na coleta desses itens. Sekula encontra os seus ‘objetos de interesse’ em sites de leiloeiras, contrastando a mística ‘velocidade da luz’ da internet com o movimento lento do transporte de cargas - noventa por cento das quais é movida pelo mar.
Tomando o ‘espaço esquecido’ do mar - com os seus 100.000 navios e 1.500.000 trabalhadores – como tema de trabalho, Allan Sekula reflete sobre os efeitos das atuais ideologias neoliberais. O seu trabalho questiona as promessas feitas de um indolor e interminável fluxo de bens e de capital focado no consumo, bem como a negação do trabalho e das suas condições, revelando o impacto abrangente da globalização na vida das pessoas.
Jürgen Bock"

Transportes
Metro: Lumiar
Autocarros: 717, 798

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